25 março 2009

Linhas Paralelas

Trago-vos hoje, algo que não fui eu que escrevi, mas que de tão simples, se torna , aos meus olhos, uma verdadeira delicia, é um excerto da obra «Quantas Madrugadas tem a noite», um romance de Ondjaki.


Para quem não conhece Ondjaki nasce em Luanda em 1977, prosador, às vezes poeta, licenciado em sociologia, e as suas obras estão já traduzidas para o francês,espanhol, italiano,alemão, inglês e chinês.





«Num tenho dinheiro, num vale a pena te baldar, epá,vamos só desequilibrar umas birras: sentas aí, nas calmas, eu te pago em estória, isso mesmo,uma pura estória daquelas com peso de antigamente, nada de invencionices de baixa categoria, estorietas, coisa dos artistas, pura verdade, só acontecimentos factuais mesmo.
A vida não é um Carnaval? Vou te mostrar alguns dançarinos, damos e damas.diabo e Deus, a maka da existência.
Transformo só o material pra lhe dar forma,utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias...
Uma noite, quantas madrugadas tem?»

Ondjaki escreve, eu adapto a imagem...e dou a minha resposta, tantas quantas vezes fores capaz de fazer parar o tempo, tantas quantas vezes fores capaz de caminhar pelo fio da navalha...e ainda assim capaz de sorrir...



2 comentários:

Anónimo disse...

Eu molho o coração no alcool para fazer castelos para fazer castelo das areias em cima das estória. Esta frase marcou-me na leitura ue fiz do teus texto.
quantas pessoas há que se refugiam no alcool,umas para esquecer mágos ou quaqiquer tipos de desgostos; outras para terem mais força para encarar qualquer problema; outrsa para sonhar e fazer os tais castelos, castelos que só duram o tempo que o alcool fizer efeito sobre o nosso cérebro.
Tudo isto é um engano o alcool ná nos dá. Tudo nos tira.
Foi uma peuena interpertação deste teu belo texto, baseada como disse nua frase que me marcou.
Beijinhos

Palma da Mão disse...

Olá JC, obrigada pela visista, é um simples excerto que me delicia, de um escritor que muito admiro.
Eu vivi e convivi com o álcool desde menina, o meu pai era álcoolico, deixou de beber 2 anos, mais coisa menos coisa, antes da sua morte, conheço de perto a angustia, a dor, a ferida que o álcool deixou no nosso desfeito seio familiar, mas mesmo assim sempre segui sorrindo, cabeça erguida, eu por mim só não bebo, mas confesso que em alguns momentos apetece descer do salto.
Mas a tua interpretação é coesa sim, o álcool nada nos dá, tudo nos tira, pura verdade.
Beijinhos e mais uma vez obrigada
Liliana