30 abril 2009

Já É Dia...

A noite contorce-se em relevos soberbos de cheiros e desejos, esconde-se, prende-se, quer ficar só mais um bocadinho...o corpo acompanha-a numa deliciosa festa de mimo e preguiça, de sonho pensado realidade...cruzo-me comigo e encanto-me, delicio-me no calor longínquo do teu corpo...tento alcançar a mão que se me estende...a sedução do brilho da Lua, os lugares mágicos, os nossos corpos tocados, os beijos molhados...entrelaçados, as delicias vividas até acordar... embelezando-se em canto de pássaro, penteando-se ao Vento, dançando de mãos dadas com o Sol e a Chuva, apressa-se a manhã, para por aqui ficar...sorrio para ti,peço-te permissão...para só por mais um bocadinho...me deixar ficar... e no teu sorriso encontro a resposta,nas tuas mãos o meu aconchego, no meu corpo sinto a vontade de também eu querer dançar...

29 abril 2009

...Entre uma e outra palavra, um sorriso mais timido...faces rosadas, o doce da Lua na janela, uma e outra batida do coração mais acelarada...acompanhas-me num delirio de emoção...encostas-te a mim...tentando manter-me quente, deitas a tua cabeça no meu peito...fazes de mim sereia de jardim...caminhas no meu leito como rio feroz...tentando alcançar as margens na extremidade do meu corpo...cobres-me de ternura num único beijo seguido de mil e uma tantas caricias...brincas como um menino, e entre a força de uma e outra corda,de um gesto mais audaz que o outro, atendo aos teus pedidos... sinto-me simplesmente tão tua...

28 abril 2009

Devagar...

Sobes-me o vestido,para fecho a fecho, entre um e outro click, sentir que me soltas as meias do cinto de ligas...com a tua boca percorres, descobres...envolves-me em saliva, e de forma segura ,sorrio...tento controlar o gemido...contorcendo-me vendada...sinto dedo a dedo o calor do teu corpo no meu, fazes teu o meu espaço...colocas a nu o meu peito...páras para observar cada suspiro meu...dizes que permaneça calada...e provocas-me, tentando descobrir o limite da carne, desafiando descaradamente a minha alma...delicias-te...brincas no meu corpo com o teu à tua maneira...sou tua, e por um momento serás meu...destapa-me...mas bem devagar...

27 abril 2009

Quero-te...

Quero-te...quero ver-te despir...quero que me dispas ao teu passo...que me toques, me sintas, me rasgues...quero ver a noite cair contigo...dançar no teu peito a musica do teu corpo...percorrer com a língua um pedacinho antes do outro...esfregar-me em ti de tanto desejo...quero ver-me em ti, sentir-te simplesmente dentro de mim...quero sentir os teus dentes de levezinho no meu peito...sentir rodipiar a tua lingua no meu cheiro, e com esse encanto tão teu...toma-me tua à tua maneira...vens? Estou pronta para beberes de mim... estou amarrada...

Fantoche


De tecido, de madeira, barro ou ferro tanto faz, não sou mais que fantoche, faço da vida peça de teatro, escolho lençois de seda como pano de fundo, entro devagarinho em cena audaz...Recebo os aplausos do Sol e da Lua...saio simplesmente do palco...e de novo sentindo-me sem vida, arrumada a um canto de pó...até à próxima hora em que precisem de mim...sou pedaço de algo em mão...mão que já não sente...sinto-me simplesmente incapaz...a história escrita há já mil e tantos anos...o barulho dos risos inconstantes...o som da velha madeira...fecha-se e abre-se o pano, entra-se e sai-se com a sensação de que amanhã já se esqueceram de nós...

26 abril 2009

Eu Tento

Eu tento, mas não dá, os domingos parecem querer travar o meu pensamento, barreiras, muros, mãos e muitas conversas, almas dispersas num rio de ninguém, margens feitas de pedra, velozes, paradas também...as palavras escampam-me entre os dedos, como areias perdidas entre o amor e a dor de alguém...são feridas da alma...fechadas com agulha de cedro, e linhas de pensamento...

Eu tento, mas não dá...é Domingo...

25 abril 2009

Teatro de Segredos


Põe-se o Sol...ainda é cedo, as estrelas e a Lua convidam-nos para um bailado divinal...entregam à Luz e ao Vento o prazer de nos preparar, ao Mar cabe-lhe um papel imperial, unir em momento as nossas almas, transformá-las em areia molhada...fazer de nós o que quer,...coloca-nos deitados, cobre-nos de desejos e vontades...perante este Céu que nos observa incrédulo...e em que o Tempo se coloca à distância, transformando-nos em uma só alma...a sua alma...em vida!
Cravando no meu corpo o teu olhar, despindo-me apenas com um sorriso, abraças-me junto ao peito...presente e distante do nada, entregue num unico momento...num segundo, ao tudo!
É vida, e vida é teatro, e teatro é cumplicidade, é festa, é sublime bailado de segredos...

A imagem é uma das muitas obras de arte de Boris Vallejo!
Não encontraria imagem melhor para ilustrar uma peça de teatro em que a cumplicidade e a confiança tomam o papel principal!

24 abril 2009

Parabéns Capitão!


Parabéns a todos os capitães envolvidos na queda do regime ditaturial, vivido até 25 de Abril de 1974, por nós portugueses, pelas nossas tropas, pelas nossas colónias de forma vergonhosa até então! Perseguidos por uma policia politica, e por uma policia militar, o povo não tinha o direito à liberdade!

Um plano pensado ao pormenor, uma estruturação de forças militares, cabeças, lápis e papel, controlaram objectivamente e pacificamente pontos essenciais para que não fosse derramada pinga de sangue...pontos como o Cristo Rei, o Terreiro do Paço, o Aeroporto da Portela, entre tantos outros...tudo para nos permitir agir perante a nossa consciência e consoante a Lei, com um dos pontos falhado ao inicio da madrugada de 24 para 25 de Abril, a libertação dos presos politicos, a preocupação com represálias sobre estes, estava presente à mesma mesa e entre os mesmos homens, que como o Capitão Salgueiro Maia, se colocaram frente à mira dos carros de combate impedindo desta forma o ataque sobre os militares do movimento das forças armadas.

O trinufo chega quando o Sr. Professor Marcello Caetano é destituido do seu cargo ao poder!

Ouve-se Victória nas ruas...o povo grita, sem saber muito bem porquê...orgulho-me destes homens, destes pais, filhos, que lutaram para nos deixar uma herança chamada democracia, e garantido desta forma a liberdade de todos os cidadãos...lamento que hoje passados 35 anos, o povo ainda não tenha percebido que a liberdade de cada um termina onde começa a do outro, e que continue calado perante uma democracia infiel ao seu principio, à liberdade! Lamento que ainda hoje se deitem papeis no chão, que não haja igualdade social...que não se cumpra a Constituição da Republica Portuguesa!

Vontade

Hoje acordei com aquela vontade de morder os lençois, morder as almofadas, morder todo o teu corpo...entre o lavar os dentes e o vestir do casaco, dizes ao teu jeito, estou atrasado...serpenteando todo o meu corpo e a minha alma, entre trocas de sorrisos marotos, tocas-me aqui e ali, fazendo apenas num gesto com que o meu corpo se solte de mim...quase provocando aquela explosão de sentidos maravilhosa...mas é tarde dizes tu, e não podes chegar atrasado...beijas o meu pescoço, a minha boca, deixando-me ainda mais desejosa de te ter ali, naquele segundo, naquele delicioso instante, dentro de mim...faço aquele jeito de menina mimada...sorris dizendo...logo, agora é tarde...hmmmm, entre o quarto e o copo de leite, ao meu jeito de mulher, sorrio para ti, dizendo: vai eu fico bem acompanhada...rsrs, vais chegar atrasado...mas no meu pensamento estás sempre dentro de mim...

23 abril 2009

De Que Cor Serão Os Meus Lábios

Em momentos de ternura, constrois fendas na terra e seguras com ternura a Lua entre as tuas mãos...pintamo-la da cor de um beijo...misturando cor e desejo em palete carnal, brincamos com frascos gigantes de tintas de mil sabores, que zangadas perante as gargalhadas indiscretas, parecem querer beber-nos entre o azul e o branco, o vermelho e o lilás, transformando-nos em pequenos bonecos de corda, paralisando-nos, deixando-nos à mercê do tempo, podendo fazer de nós o que bem entender...coloca-nos em posições distantes ou bem agarrados, pinta-nos... o próprio tempo da cor de um raio de sol, entrega-nos o sabor do mar...enrola-nos em guardanapo de linho, tatuando nas fibras da hora, o seu mais saboroso instinto, deixando-nos em forma de linhas...perpetuando-nos assim juntos, presentes, ausentes, tanto lhe faz...percorrendo com aguarela o meu peito, desenhando era esquecida pela memória, risca meu ventre a tinta de prata, com fio de ouro traça o limite entre o tu e o eu...de que cor serão os meus lábios...sinto-os perto de ti, enrrolando em saliva o teu corpo, conseguindo sentir até o teu arrepio travesso, conseguindo fazer debotar toda essa tinta que nos cobre...entregando-me a ti, dizendo calada num gesto animal, vem...mistura-te, dá-me forma, pinta-me...rouba-me ao tempo, entrega-me à Lua, esconde-me dos loucos fantasmas que me consomem noite e dia...faz-me tua à tua maneira...

22 abril 2009

Baloiço ao Vento

No momento em que espero pela tua próxima palavra, em que me delicio com o tempo entre uma e outra, sorrio ao vento que faz a vida parecer um baloiço de vidro...um pedaçinho de alguma coisa tão só e tão tudo, nas suas cordas suspenso entre dois mundos, o meu e o teu...

Sinto-me leve, esperando entrares desse jeito, com esse efeito surpresa que conheces tão bem...sinto entre uma e outra conversa, o toque da tua alma na minha, juntas se entregam ao delirio e se transformam em algo maravilhoso, em algo que, nem eu, nem tu, queremos controlar...o calor e o frio...a imensidão das coisas, de um sorriso, de um olhar, de um imaginar perfeito de entrega, de deitar no teu peito e entre as tuas mãos, ficar simplesmente assim, como barro á espera de forma...como areia molhada...como corpo e corpo...como letra solta de um vem, tudo no espaço entre um sim e um não...nesse instante sou baloiço ao vento...sou tão tua, mesmo que de longe tanto faz...esse momento é tão meu...testemunho da noite e dia, do próximo minuto, de cada fio de cabelo meu...perdida e achada no teu corpo...sou só assim...menina-mulher...de sorriso maroto, perdida num mundo, que é meu, meu e teu, teu e de toda a gente, de toda a gente e de ninguém...

21 abril 2009

Apetece-me


Apetece-me gritar baixinho o teu nome...dar-lhe forma, colocar-lhe à minha maneira desengonçada, de menina-mulher, uma côr aqui e ali...apetece-me esperar para te ver crescer...

Surge em mim algo que não entendo, o toque do vento no meu rosto faz-me adivinhar que algo se confunde dentro e fora de mim, é uma busca insane em mim mesma, pelo outro lado do espelho, é tatuar em mim mesma pingos de orvalho que perante um momento envergonhado se transformam em fadas e soltam gritos de dor dentro de mim, resta-me simplesmente imaginar...imaginar a forma das tuas mãos, tentar saborear o teu beijo, tentar encontrar-te em mim mesma, dentro de mim mesma...e dessa forma sentir-me tão viva, que seja capaz de caminhar suspensa no ar e num toque sublime, tão leve e doce, beijar o teu rosto...dizer estou aqui...

20 abril 2009

Escrevo...


Acho que nunca escrevi porque escrevo, sobre o que escrevo,como escrevo e ilustro o que escrevo,e para quem escrevo...

Penso que a hora é essa....escrevo porque gosto, porque vivo o que escrevo, porque sinto primeiro e escrevo depois...

Escrevo sobre a vida, sobre a experiência, sobre o desconhecido, fantasio, vivo, delicio-me no meio das minhas palavras com ou sem sentido...

Como escrevo, escrevo consoante o que sinto, consoante o que me apetece escrever,baralho as palavras, não faço a pontuação adequada, faço pequenas confusões na minha e nas vossas cabeças, confundo a escrita e a poesia, a prosa, o pretérito perfeito com o mais que o perfeito, misturo pedaços do passado e do futuro ausente, desconhecido, e cometo insanes loucuras dando asas à imaginação, só ilustro o que escrevo depois, as imagens retiradas da internet adaptam-se ou não na perfeição, mas eu gosto que seja assim...existe uma excepção, em Contracapa, sou eu, como sou...

Escrevo para quem lê, vive, sente de uma ou de outra maneira...escrevo para quem comenta, para quem não comenta,escrevo para quem passa, para quem segue, para quem não segue, escrevo para quem como eu sabe que a porta deste nosso canto, está sempre encostada...escrevo para quem como eu repara no pormenor, ou não...escrevo o que me apetece...sobre a realidade ou não, desejos, loucos sentidos entrelaçados, escrevo rosas com cheiro a jasmim, noites claros, sois frios, silêncios ensurdecedores, para quem como eu anda de mãos dadas com as letras, escrevo realidade ou ficção, porque aí, desse lado, estão pessoas reais...pessoas que me descobrem nas entrelinhas...que espreitam a ver se me vêm em qualquer lua fugidia...escrevo para quem brinca e fala a sério, escrevo para mim, para ti e o mundo, esse mundo de que todos fazemos parte...não escrevo para esquecer...escrevo para todos vocês que me lêm e de uma forma ou de outra fazem, sim, parte da minha vida...escrevo vida e morte, sobre o espaço que une e separa as duas...tão simples quanto isso, escrevo...


Resposta...

Que resposta é esta, para a pergunta que não faço...que não me incomoda, que faz soltar-se em mim, o pior e o melhor, que observo com clareza no meio da escuridão...que grito é este que se solta de mim no dia que não voltou...as marcas na carne escondidas há muito pela regeneração da pele...porque não consegue a alma tal grandeza, regenerar-se em si mesma, sorrir porque sim, ou porque não...quantas serão as oportunidades que a vida nos dá...são caminhos feitos de silvas e escolhas mais tortas que direitas...são desafios do Diabo...são provações de algo tão simptuoso como quem se esconde para lá do espelho, para lá do que algum dia conseguiremos ver com a destreza de algo tão grande como nada dentro de nós...serão pequenas nódoas de vida espalhadas por nós em nós e nos outros, são nódoas que a vida não lava...são histórias de reis e rainhas, planicies e vales cheios de sentimento...barcos ancorados sem porto...são velozes os tempos que correm...são naufragos...são braços e pernas amontoados , seguindo-se porque sim...


Pedi ao tempo que me leve para longe de mim mesma e se esqueça de mim...me deixe por aí, num sitio onde a mentira não tenha lugar...

19 abril 2009


No voo do pássaro sinto a sua cor...no bater das suas asas alcanço sem demora o olhar do rosto que me segue e persegue...que a cada passo meu se esconde, se diverte enquanto o tento encontrar sem desviar o olhar nem um segundo...nada teme, nem que o veja assim...quem será, quererá a minha vida ou anseia a minha morte...sei que sim...

Demónio de ventre que me guarda...mão áspera, seca, rugosa na minha pele, doce beijo triste que quase chego a sentir, caricia no cabelo...respirar ofegante...não vejo...sinto apenas...e isso é tudo quanto me chega para saber que esteve sempre aqui...dentro e fora de mim, uma e outra, tantas quantas vezes quis...à distância de uma vontade, de um desejo, de um segundo, de um simples e belo voo de pássaro, com ou sem alma...sei lá...

18 abril 2009

Korpus



Korpus, línguas, mãos, pés, olhos,mentes, almas, vivos, mortos...somos mais do que simples corpos, somos mais do que massa, somos algo que não se vê, sente-se...somos pioneiros da livre palavra, do querer, poder dizer que sim ou que não...somos loucos para pedir mais, para dizer bem alto vem e não pares, somos conscientes e conhecedores de nós próprios, somos Korpus, somos água , sangue, somos mãos dadas , bocas coladas, corpos suados, somos sentidos trocados, somos distância, distância entre nós mesmos, entre o nosso e o vosso eu, somos gente, e se no final formos julgados como pecado tanto nos faz...

Palavras

Palavras que não serão nunca mais que isso, palavras ditas, escritas, palavras que ficam para sempre, palavras que se confundem no meu peito...que me escorrem em forma de lágrima, palavras que me aquecem nas noites brancas do meu desejo, palavras que me roubam o sorriso, que me tentam descartar a alma, sons do passo e descompasso, movimentos contrários à gravidade do tempo...risos e sorrisos que encontro por aí, palavras que me cercam de angustia, que me cravam o ser...o olhar, que me despem e me vestem, que me envolvem de ternura, palavras tatuadas em paredes de cal, corpos despidos de preconceito, pintadas no negro do dia, palavras cantadas ao rio, levadas pelo barulho do mar, encontradas no canto da areia, palavras de olhos, e rostos cansados, trocadas por tudo e por nada...serei eu mais do que palavra presa ou predadora?Conseguirei ser mas do que simples palavra muda, nua e crua de mim mesma, serei mais do que corda de palavra gasta pelo tempo...cansada...

17 abril 2009

Encontros

Encontro com o tempo, encontro no tempo, encontro comigo ao espelho e fora dele, encontro no mar da verdade...encontra na sede de um beijo, na ternura de um abraço, na ausência e presença assidua de um sorriso teu, encontro-me e encontro-te distante, longe de tudo e por tudo, virando as páginas da vida, encontro folhas de tinta, folhas de cinzas,folhas de pó...folhas de pó que me guiam no seguir da razão, que se transformam a cada gesto meu e do mundo...mundo que me lê, que me sente, que bebe de mim o que quero...e tudo o que quero é tão só uma folha de pó, trabalhada a carvão, escrita na sombra da vida e da morte...manchada pelo açucar das almas livres...almas livres minhas, tuas, tuas e de ninguém, de ninguém e de toda a gente...assim sou eu, hoje mais do que nunca...resto de folha de pó, alma livre...menina, mulher...menina mulher,mãe, rasgada, ontem pelo vento, abençoada hoje pelo brilho do teu sorriso...amo-te filha!

Hoje Não Consigo Escrever


Por vezes a realidade da vida, mostra-nos caminhos, caminhos uns mais curtos e mais confusos que outros...a vida do seu jeito beija-nos e esbofeteia-nos ao segundo...trás-nos aqui, entrega-nos à morte de uma ou de outra maneira, em gesto de desespero, será que a vida percebe que atingimos conhecimento interior tal, seja bom ou mau, que se livra de nós e num aperto de mão com a morte, um abraço, até quem sabe, nos passam de mão em mão...

Não entendo, hoje acordei assim, sem ser capaz de me abstrair de mim mesma, não consigo agora fechar os olhos e escrever...quem sabe mais tarde, espero que sim...talvez só precise de descansar mais um pouco...beijos a todos, até ao sorriso!

16 abril 2009

Lua De Papel


Numa noite fria, como tantas outras, conto a mim mesma, calada, de rosto gelado, que se a Lua fosse feita tão só de Papel, poderia ter mil cores, saber a tudo e a nada, saber a rosas com cheiro de jasmim, ter a textura do limão,ou até mesmo saber a canela..., e sorrio sozinha no infinito da minha mente, sonhando deitá-la no meu colo, envolvê-la em laço de cetim, ou até mesmo pedaço de saia de seda rasgado outrora num ou noutro momento mais ou menos bom...poderia adormecê-la, mantê-la quente, pintá-la, escrever sobre ela...poderia somente ficar assim enfeitiçada por um brilho ausente, distante, mas que de tão presente, se torna tão meu...poderia fazer da Lua uma nau, e brincar nos rios do meu corpo...beijá-la, escondê-la num bolso pequenino, juntá-la ao meu peito, e senti-la bem minha, bem na palma da minha mão...e se a Lua fosse feita de Papel, poderia mil coisas, mais outras tantas mil...tocá-la, fechar os olhos e num doce sorriso maroto envolvê-la em ternura...ensinar-lhe mil línguas, poderia ser só a Lua e eu...

15 abril 2009

Som de Flauta

Nua... esqueço de quem sou, e em momento algum me tento encontrar de novo... com os meus dedos enlaçados entre a minha lingua, faço som de flauta, esperando ouvir em gemido o hino de todo o teu corpo...sentir cada espasmo de teu rosto, sentir cada unha tua rasgar a minha pele, sentir a minha pele repuxada pelo calor das tuas mãos...sentir-me tua, nua, de mim para ti...e cada abraço teu, leva-me de volta ao equilibrio, entrega-me de novo à vida, que passa por mim muito devagar...em olhar descarado, mostrando o mais intimo de seus dias, e suas noites, enquanto no recanto da minha vontade, vivo e revivo cada olhar teu...

14 abril 2009

Selo De Carta

E quando tudo o que as nossas mãos desenham, cabe tão só num selo de carta sem destino, quando permitimos ao vento que o leve e o traga para junto de nós, então tudo o que sentimos a par e par com o sonho, os caminhos descobertos...cada traço se torna invisivél, deixando no ar rasto de cheiro a doce loucura...quando tudo o que sentimos cabe num beijo, num gemido ao ouvido, numa traquina dentada...então sim, eu posso adormecer feliz...

13 abril 2009

Mais...Muito Mais...

Nossas mãos serão hoje o desenho pensado à muito, projectado pelo beijo no papel de seda que encontrámos na gaveta direita de nossas mentes...lilás será a cor com que o pintamos...de rede o pé da tela...com as nossas línguas molhamos o céu e as estrelas do nosso desejo...cheiramos o remo do encanto...despimos a margem do tempo, e somos vela de navio afundado, desertos de nós mesmos, onde só existe lugar para em tom baixinho, quase em tom de sussurro pedir mais...

...muito mais

...e no fim mesmo que não tenha sido tudo, mais que fruto da minha imaginação, estarei feliz, pois fui capaz de sonhar...

Feitiozinho

Hoje estou com um feitio daqueles, qual serpente venenosa, hoje até talvez lhe sirva de inspiração, vai tudo à frente, partir um ou vários espelhos seria pouco para me desculpar com o meu azar, para libertar de mim a culpa de não conseguir só ver a cabeça do Pássaro, e centrar nela toda a minha garra...virada do avesso sim, isso é a expressão correcta, estou virada do avesso, deitada como que em restos de vidros, rasgada por dentro e por fora...ai como odeio sentir-me fraca...isto está mesmo muito mau...


P.S. Não me interessa a força com que o golpe me fere, interessa-me a garra com que ergo a cabeça, e espero pelo próximo!

12 abril 2009

Veneno Que Cura

O teu respirar no meu ouvido, é algo mais que água para a alma, é veneno que cura, é veia aberta no meu peito, é nódoa de dó e de mi, é algo mais que fera pelo caminho, mais que uivo de lobo ao acordar...é brilho de Lua no cantar do dia, é voz de Mar na riqueza insane de minha mente, é desenhar com carvão em pedra rude, é atear em mim fogo permanente...é escalar o teu corpo, pele na pele, escorregando levemente no suor do teu ser...tropeçar no doce do teu beijo, deixar-me cair no teu peito, e pedir-te calada, que me deixes ficar assim..

Adoro Ver-me Ali...

Adoro ver-me ali adormecida, nua de tudo, sentindo o dia a passar, desejar que a noite me venha acalmar, me venha contar fábulas de animais de tantas cabeças, quantas a minha imaginação for capaz de desenhar...desejar que o barulho do mar me traga ondas de loucura, me coloque na janela espreitando quem passa, fazendo milhares de filmes sem legenda,colocando cada um no seu papel invertido, inventando línguas de mil sabores, e tornando tudo muito mais natural...ser capaz de colocar num nada, um algo, transformando esse nada em tudo, à minha voz, ao meu sabor...e durmo quieta e tapada, encantada,fazendo do meu sono viagem sem destino...é Domingo...

11 abril 2009

Esferas

Espelhos,

Esferas de tantas formas, que me consomem mais do que deviam, esferas de três pontas, que me rasgam a alma, esferas vermelhas, amarelas...
Riscos de tudo, perto do nada, que o completam como magia, rasgos de luz intensa que me encandeiam em noites brancas, me levam e me trazem de tão longe...largando-me no ar, caindo perto de ti...Pianos de pés, olhos esbugalhados, como que correndo atrás de mim, querendo-me engolir num sopro seguro de fado...monstros de mil cabeças, velas acesas, sangue espalhado, calçadas manchadas, ondas paradas como quem vê...violinos embaraçados, como corpos trocados, adormecidos no frio do dia...assim são meus lábios marcados pelo vento...tento alcançar o chapéu que tomou de sua vontade...e com as pontas de meus dedos encontrar porto seguro no teu corpo molhado...

10 abril 2009

Pelo Que És, Obrigada JC


Curvar-me perante ti, será pouco para em gesto de vénia te agradecer o carinho, o jeito com que me segues, do alto do teu caminho, não chego nem perto...outra forma de te envolver em mim, não seria possivél...pensamentos, calor, mãos, cabelos soltos ao vento,não dona do tempo e da distância, delirio em forma de sal, dunas de respeito por ti, pelo que és...obrigada JC
Vem sempre sim...

Desejos e Coisas De Páscoa

Um corpo, uma alma, uma vida, ou tantas que tanto faz...Caminhos cruzados, sós, alegres, acompanhados, sombrios...lágrima ou sorriso, banhados de doce aroma a canela, com um leve cheiro a limão...serão assim sobremesas, de diferentes texturas, flores de algodão, espalhados no corpo que livre de vontades alheias se espera por fim encontrar...tartes de natas, ou bolo de bolacha, suspiros, tortas de laranja, semifrio de morango, lampreias de ovos, cantos de boca sujos de chocolate, dedos lambusados de cor, sabor, odor a perfume de açucar em cada folar um ovo cozido, em cada estalar um gemido...surpresas em gigantes de chocolate branco e negro, chupas de mil sabores, gomas, envoltos em papel brilhante, cerejas cobertas de caramelo, caminho de festa ...será sim ou não...tanto faz...


Uma Páscoa Feliz!



09 abril 2009

Me Permita a Mim...



Nas ondas que nos levam e nos trazem para junto de nós mesmos, sinto que estou sempre perto de ti...sinto que a cada passo, levamo-nos no peito um do outro, seguindo o nosso rasto de perto e de longe, presentes, ausentes, distantes, ligados por algo tão lindo como sopro de pássaro ao zumbido inquieto de nossas almas, somos folhas de papel amachucado por alguém, somos letras soltas de nós só...cantamos calados, brincamos de mão dada ao luar de dias e noites, somos encanto de fadas, brilhos de beijos molhados, somos assim, simplesmente assim um do outro, um de cada um, de toda a gente, e sempre mesmo de ninguém...somos palavra sofrida, sorrisos marotos...somos mais que tudo o que queremos...capazes de mudar a direcção ao vento, espantalhos de medo, somos cálice de vinho espalhado...somos simplesmente assim...o que somos...sétima onda...


Permiti-me escrever para ti com carinho


Com um sorriso Arthur


08 abril 2009

Brilho de Um Beijo

Em cada voo de um beijo sinto o calor do meu peito ensurdeceder o silêncio da minha voz, ao gritar por mim, dentro de água...perco-me no meu papel de parede e encontro-me apagada na réstia de fogueira acesa ao luar, escondo-me do tempo, e lentamente sinto-me erguer quase que remotamente na verdade de um abraço, na leveza da minha maneira de ser...sinto-me renascer das cinzas, nua, cravado na minha pele, vejo o ontem e o anteontem, nas minhas unhas o brilho da chuva, e a cada cambalear sinto escorrer do meu cabelo, o perfume de outrora contagiando a minha alma...nos meus olhos o hoje, porque do amanhã nada sei...não, não me contes, não preciso de saber tanto quanto tu, preciso só de acordar e ser capaz de fazer-me sorrir...agarrada por raíz de eucalipto, venero a minha morte, aproveitando o melhor da vida, como se cada amanhecer fosse nascer de novo, aplicando nesse renascer o antes absorvido, criando um atalho em busca pela perfeição do respeito ao próximo, como a mim mesma...

07 abril 2009

Não Vás Com Vontade De Ficar

No meu peito o teu corpo, nas minhas mãos o teu olhar...prendes-me a ti e prendes-te à vida... num sem fim de gestos e do teu modo, fazes-me tua...com os teus dedos segues cada movimento meu...e de forma alucinante entregas-me ao céu , e com ternura cobres-me de mimo, e nesse momento, mesmo que só por um momento, sinto-te tão meu...o calor do teu corpo denuncia o cansaço, e digo-te sem que possas ouvir, não vás com vontade de ficar...

06 abril 2009

Peripércias De Menina


Quando junto da tua campa, em dia de chuva, e perante a resposta negativa da medicina face ao meu problema, e de forma fria e cruel, ouço(oiço, rsrs, tive uma branca) de uma boca, que já nem lhe recordo o rosto: Esqueça Liliana, não vai poder ter filhos, o septo imcompleto no seu utero, e a cirurgia danificariam o utero, impedindo-a de gerar o que quer que seja...palavras gravadas para sempre...mas voltemos ao incicio...Quando junto da tua campa, em dia de chuva,finais de Janeiro, enquanto trocava a vela que te acendo António, meu amigo, com meus pés cobertos de lama, e lágrimas escorriam de minha alma, pedindo-te a benção de um presente do mundo, um filho, que se chamaria Maria do Mar se fosse menina, estava longe de imaginar a alegria constante desde o doce e envergonhado acordar até ao dificil deitar...cada dia é de uma aprendizagem voraz, de uma loucura soberba, de felicidade...
Uma peripércia tão linda, um sorriso maravilhoso, uma curiosidade caracteristica do auge dos seus 29 meses...hiper-mercado, as compras correm pelo melhor, já na fila para pagar, eis que uma coisa deliciosamente engraçada se avista, e pede com o seu jeito, acusando cansaço, e até as prateleiras se assustam, mãe isso, isso, nina quer isso...era só uma escova de dentes...que problema me traria uma escova de dentes? Aparentemente nenhum, pego na escova, até já está na altura de trocar, e passo-lha para a mão...mas não foi só para a mão, foi para os olhos, para o espirito, sei lá, e eis que a escova tinha vizinhas, de mil e uma cores e tantos feitios que até a mim me confundiam, rindo-se de mim...e eu pensei..não, vem aí uma festa...e a Maria pede uma e outra, e mais outra, e eu zonza, acalmo-me e penso, não te vais atirar para o chão e fazer birra por uma escova de dentes, e entrego-lhe todas, todas dentro do mesmo preço, e digo-lhe docemente, só podes levar uma, uma...ela esteve sem exagero, uns quinze minutos, mas consegui, escolheu uma, abraçou-me chamando-me linda, dando-me um intenso beijo, e dizendo bigada mãe, és a maior, linda...
Hoje longe da tua campa...mas perto do teu coração, digo beijando-te a alma, obrigada...

05 abril 2009

Noites Brancas

Como em qualquer noite mais escura, a sua brancura chega levemente, e de forma adorada estende-se sobre mim...deixando-me nua à sua mercê...entregue aos espelhos crus de minha alma, fazendo caricias sobre meus cabelos, e colocando na minha mente, sabores que nunca ninguém viu...perfumes de raras essências, perdidas algures entre pedras e flores do meu jardim...e sou eu assim ,menina-mulher...adormecida...

04 abril 2009

Acorda Menina

Acorda menina, que a noite já foi à tanto tempo...vem banhar-te no caudal da tua boca, e eleva os teus cabelos ao Sol, o Tejo chama por ti...que histórias escondem os saltos de sapatos perdidos por entre as pedras das tuas ruas...que melodias cantam os becos sem saída...entoam-se cânticos de aroma perdidos e achados por entre colchas e lençois estendidos à janela, e cheiras a mar...


Nos degráus do vento contam-se passos mortos e vivos, de contadores de mentiras e verdades de outrora, nos bancos de jardim cheira a rico e a pobre...nas tuas asas sente-se o encanto dos assobios ensurdecedores de quem de ti não se despede...nas migalhas que se estendem em tapetes desfeitos serves-lhes de alimento...e do alto das tuas sete colinas, estende-se o rio, que te abraça, te abençoa, te levou de menina a mulher...Acorda menina, acorda Lisboa...acorda e senta-te bem perto de mim, e conta-me segredos audazes de quantos amantes, em ti se escondem...conta-me quantas coroas de rosa se espalham no teu ventre...conta-me histórias de reis e rainhas, pecado e pecadores...conta-me quantas vezes deste lugar ao luxo de homens e mulheres...diz-me em tom tão baixinho, diz-me ao ouvido, quantos baloiços se espalham nos teus braços, e embalas em tom tão só teu meninos e meninas, pescadores,ardinas, engraixadores de sapatos...conta-me quanto sangue se espalha por aí, entre ruas e ruelas...conta-me em forma de prosa, quantas vezes mudaste gentes e sentidos...canta-me bem alto quantas vezes me viste passar...acorda senhora das águas, acorda menina e moça, acorda Lisboa...e deixa-te ficar, assim viva, linda, bem perto de mim...

03 abril 2009

Laço De Cetim

Serei algo mais que laço de cetim, que me prende à vida, serei algo mais que a sombra do meu ser, mais que a lágrima e o sorriso que entrego a mim mesma ao despertar pela manhã...serei mais que cabelo solto, e mais que a velocidade do vento...serei eu mais do que eu mesma, e não me encontro quando procuro por mim aos sete sois ao anoitecer?


Sou sim, sou mais que tudo o que quero, mais que tudo o que consigo...sou água, ar, fogo,terra, sou semente de fruto, sou alma preenchida, sou raiz , sou sol e sou lua, sou uva e sou raposa...sou lebre e tartaruga, sou tudo o que fores para mim...


Sou melhor e pior que isso, sou o que sou...sou página, livro, sou estante de cartão, sou bicho da seda, ao teu encanto, flor de amoreira que lhe dá alimento, sou borboleta colorida, sou cura e sou veneno, sou beijo molhado, espalhado por aí...
Sou laço de cetim...será que sim?

02 abril 2009

Seduz-me...




Vem seduz-me aqui e agora, assim de tão longe que se faça perto, e eu consiga fazer-te sentir aquele arrepio, aquele gostinho de doce no canto da boca, tão perto que os nossos corpos se unam e se transformem em puro e louco gemido...tão perto que sinta escorrer no meu peito o quente do soro da vida que me entregas em pensamento e dizes calado é teu...vem seduz-me...eu sei que sou má...tão perto, ou ainda mais perto que isso, e que o que nos separa nos una, que o perfume da tua voz se espalhe no meu corpo, e eu sinta cada toque, cada beijo, cada respirar ofegante...cada sorriso teu...vem seduz-me de tão longe que sinta afastares-me as pernas, e seja capaz de sentir penetrares-me uma e outra vez, vem seduz-me...



Seduz-me e nada mais...de perto ou de longe tanto faz...


sente o beijo molhado que te dou...





São rios de palavras...rosas com cheiro a jasmim, selos de cartas rasgadas...sorrisos como sorrisos, corpos nus, são pingas de orvalho que se transformam em fadas..são musas do Tejo, que cantam e embalam o vento no seu seio...cabelos na boca...saliva espalhada aqui e ali...mordidelas , dentadas...são liquidas as palavras que me levam para junto e para longe da razão...são momentos únicos, são simples palavras trocadas...são letras entrelaçadas que me fazem perguntar se de facto cada momento é único, ou se cada momento novo completa o vivido, no calor do desejo de um segundo exaustivo, vivido como se fosse o ultimo, vivido como se tudo terminasse ali, são momentos em que o mundo fica corado, e se esconde de mim, por aí, num beco qualquer...são cheiros...são palavras curtas e geladas...são sorrisos fechados...cartas coladas, entregues ao raio de Sol, que me toca na alma...dizendo baixinho, não te esqueças de mim, eu estou aqui...